Brasil tem maior queda em emissões de gases de efeito estufa em 15 anos, aponta levantamento

As emissões de gases de efeito estufa no Brasil caíram para 2,3 bilhões de toneladas de CO₂ equivalente em 2023, uma redução de 12% em relação a 2022, segundo dados do Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa do Observatório do Clima (SEEG). O recuo marca o maior declínio percentual desde 2009. As informações são da Agência Brasil.

O principal fator para essa queda nas emissões foi a redução do desmatamento na Amazônia, que representa quase metade das emissões totais do país. A retomada do Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAm) e outras políticas de controle ambiental foram fundamentais para alcançar esse resultado.

Apesar do avanço na Amazônia, outros biomas brasileiros, como o Cerrado e o Pantanal, registraram aumento nas emissões devido à conversão de áreas com vegetação nativa para uso agrícola. A preservação dos diferentes biomas continua sendo um desafio para reduzir as emissões de gases de efeito estufa de maneira ampla e sustentável no país.

No setor agropecuário, que responde por 28% das emissões totais, houve um aumento de 2,2% em 2023, marcando o quarto recorde consecutivo do setor. A fermentação entérica de bovinos foi responsável por 405 milhões de toneladas de CO₂, superando até mesmo as emissões totais da Itália. Considerando as emissões por uso da terra, a agropecuária responde por 74% das emissões nacionais.

Emissões relacionadas ao setor de energia subiram 1,1% no mesmo período, impulsionadas pelo maior consumo de combustíveis fósseis, como diesel, gasolina e querosene. O transporte rodoviário alcançou um recorde histórico de emissões, com um aumento de 3,2%. Embora o consumo de biodiesel tenha moderado parte desse crescimento, o aumento na mistura de biodiesel de 10% para 12% ainda não foi suficiente para estabilizar as emissões do setor.

Pela primeira vez, o SEEG incluiu em seus dados as emissões resultantes de queimadas. Emissões de metano e óxido nitroso, causadas pela queima de pastagens, passaram a ser monitoradas como parte das estatísticas do ano, destacando a importância do controle de queimadas no contexto da crise climática.

O setor de resíduos também registrou crescimento nas emissões, com um aumento de 1% em 2023. Esse aumento é atribuído ao crescimento populacional e à insuficiência de práticas de compostagem e reciclagem, que ainda necessitam de avanços para reduzir o impacto ambiental de resíduos sólidos no país.

O levantamento aponta que a queda geral nas emissões do Brasil foi impulsionada pela redução do desmatamento na Amazônia, mas desafios persistem em outros setores e biomas. A continuidade de políticas de preservação ambiental e o aumento no uso de energias limpas são necessários para que o país alcance suas metas climáticas e avance no combate ao aquecimento global.