A educação científica na Bahia ganhou um novo impulso, nesta última segunda-feira (19), com o lançamento de um pacote de iniciativas que somam R$ 67,3 milhões em investimentos. A ação, fruto da parceria entre o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e o governo baiano, foi apresentada na Universidade do Estado da Bahia (Uneb), em Salvador. Ela inclui uma série de programas voltados à popularização da ciência, tecnologia e inovação entre estudantes e professores da rede pública estadual.

O anúncio foi feito com a presença da ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, e do governador Jerônimo Rodrigues (PT), que falaram da importância da ciência para a transformação social, o desenvolvimento regional e a inclusão de jovens no universo do conhecimento científico. A proposta é que a ciência seja acessível a todos os territórios de identidade da Bahia, com ênfase nas juventudes e em comunidades historicamente sub-representadas.

“A ciência é o conhecimento, a tecnologia, é transformar o conhecimento numa arte, em uns óculos para melhorar nossa visão, em um prato de alimento na mesa, no combate à fome”, disse Jerônimo.

PopCiência Bahia institui política permanente de valorização da ciência

Um dos principais destaques do pacote foi a sanção da Lei PopCiência Bahia, que cria um programa permanente de promoção, difusão e valorização da ciência no estado. A nova legislação estabelece diretrizes para o estímulo ao letramento científico, interiorização do conhecimento e incentivo à participação de mulheres, pessoas com deficiência e comunidades tradicionais em atividades de pesquisa e inovação.

A execução da política ficará sob responsabilidade da Secretaria Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação da Bahia (Secti), que também atuará de forma integrada com a Secretaria Estadual de Educação (SEC) para articular as ações nos municípios.

PopCiência Jovem foca na formação científica de estudantes e professores

O plano inclui também a regulamentação do PopCiência Jovem, projeto que busca fomentar atividades científicas nas escolas públicas por meio de eventos, oficinas, olimpíadas e clubes. A iniciativa prevê a criação da Rede Bahia Faz Ciência e o selo Bahia Faz Ciência, que será concedido a escolas com destaque na valorização da ciência e no enfrentamento das desigualdades por meio da educação científica.

Além disso, será constituído um grupo de Jovens Embaixadores Territoriais da Ciência, com atuação voltada à difusão de boas práticas e ao protagonismo estudantil em ações de popularização do conhecimento científico. “A Bahia é um grande destaque nas feiras de ciências e o que a gente precisava, está vindo agora, que é esse novo decreto do POP Ciência, que vai valorizar e dar mais ânimo e dinamismo às nossas atividades nas escolas, valorizando todo o trabalho que a gente realiza e que os alunos realizam”, disse Pachiele Cabral, professora de Ciências do Centro Territorial de Educação Profissional (Cetep) de Araci.

Clubes, laboratórios e bolsas de iniciação científica fazem parte do pacote

Como parte da Agenda Bahia Faz Ciência na Escola, foi lançado um edital para selecionar 400 professores da rede estadual que irão coordenar clubes de ciências. A ação receberá investimento de R$ 8 milhões e será executada em parceria com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (Fapesb). O objetivo é incentivar projetos de iniciação científica em todos os 27 territórios de identidade do estado.

Outro eixo importante do programa é a implantação de 180 laboratórios maker em unidades escolares da rede estadual. Essa ação faz parte do programa Mais Ciência na Escola, executado pelo CNPq, com apoio do MCTI e do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT). A Bahia foi o estado do Nordeste com o maior número de escolas contempladas, garantindo ainda mais de 1.800 bolsas para estudantes do ensino médio se envolverem com projetos de iniciação científica.

Além da estrutura física dos laboratórios, o programa prevê formações específicas para professores, participação de cientistas em sala de aula e realização de feiras e olimpíadas científicas. A coordenação das ações será compartilhada com instituições como a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e o Instituto Federal da Bahia (Ifba).

Formação docente e incentivo à inovação completam a estratégia

Como complemento à valorização da ciência nas escolas, a SEC foi autorizada a publicar um edital unificado para a oferta de 225 vagas em programas de mestrado profissional voltados exclusivamente a coordenadores pedagógicos da rede estadual. A medida busca elevar a qualificação do corpo docente, promovendo o aprofundamento científico e o aperfeiçoamento de práticas educacionais inovadoras.

Outra iniciativa estratégica é a adaptação da metodologia da Trilha de Inovação do Parque Tecnológico da Bahia ao ambiente escolar. Com isso, os estudantes terão acesso a uma jornada que passa pela introdução à ciência, formação empreendedora, incubação de ideias e valorização de patentes, até a eventual criação de startups.

Atendimento itinerante do Inpi vai facilitar registro de marcas e patentes no interior

Durante o evento de lançamento do pacote de ações, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação também anunciou uma parceria com o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi) para ampliar o acesso ao registro de marcas, patentes e indicações geográficas na Bahia. A proposta é levar atendimentos presenciais itinerantes do INPI a escolas, universidades, centros de pesquisa e comunidades produtivas no interior do estado, promovendo a valorização do conhecimento e a proteção da propriedade intelectual.

A ação visa estimular o ecossistema de inovação, permitindo que estudantes, professores, pesquisadores e empreendedores tenham apoio técnico para formalizar suas criações. O atendimento móvel será realizado com o apoio da Secti e da Rede Baiana de Inovação, contribuindo para que o ambiente escolar e científico também seja um espaço de geração de soluções protegidas e com potencial de impacto socioeconômico.

Bahia será o primeiro estado a receber a Caravana da Ciência

Durante o evento, a ministra também lançou a Caravana da Ciência, em comemoração aos 40 anos da pasta. A iniciativa itinerante percorrerá os estados brasileiros, levando oficinas, informações e atividades interativas sobre pesquisa e inovação. A Bahia foi escolhida como ponto de partida da ação, em reconhecimento às iniciativas locais voltadas ao fortalecimento da ciência e tecnologia na educação básica.