A Semana Escoteira da Bahia, que segue até domingo (27), celebra os 110 anos do escotismo no estado com uma programação especial. As atividades marcam o Dia do Escoteiro, comemorado nesta quarta-feira (23), e incluem ações voltadas para jovens, adultos e a comunidade. O evento faz parte do calendário oficial da União dos Escoteiros do Brasil – Região Bahia.

Escotismo contribui para formação cidadã

Em entrevista ao Portal M!, o diretor de métodos educativos da União dos Escoteiros do Brasil – Região Bahia, Luciano Bacelar, ressaltou que, com foco na vivência prática, o escotismo tem contribuído para a formação cidadã e o desenvolvimento de competências diversas.

“É uma atividade feita para os jovens, mas vem do lado da educação não formal, aquela que não é feita nas escolas, é mais uma preparação dos jovens, além do ensino, onde eles vão ter vivências de equipe, trabalhos na sociedade, no desenvolvimento do caráter, no desenvolvimento físico. Tornando o jovem uma liderança nata para a gente desenvolver para a nossa sociedade”, disse.

Segundo ele, as atividades desenvolvidas seguem a metodologia do “aprender fazendo”, que privilegia a prática como instrumento de aprendizagem. “O escotismo vem de uma vertente da natureza e o ápice desse nosso desenvolvimento é justamente no contato da natureza quando os meninos vão acampar, que eles vão para um local onde não têm o conforto do lar, eles põem a criatividade em prol de si, do seu aprendizado, é o que vai fazer ele se destacar”.

Espiritualidade respeitando crenças individuais

Outro ponto destacado pelo diretor de métodos educativos da União dos Escoteiros do Brasil é que, apesar da prática incentivar a espiritualidade, o escotismo não está vinculado a nenhuma religião específica.

“Nós somos pertencentes à União de Escoteiros do Brasil, existem outras entidades que também procedem, como os desbravadores, que são ligados à igreja do sétimo dia. Nós não. A União Escoteira do Brasil dissemina que se faça um trabalho de espiritualidade para com os jovens, mas cada um na sua vertente, no seu credo familiar”, explicou.

Conexão global por meio de uma fraternidade mundial

Ao falar sobre a dimensão do movimento escoteiro, Bacelar apontou a existência de uma rede internacional presente em mais de 200 países. Segundo ele, o movimento surgiu em 1907 na Inglaterra, através do general Robert Baden-Powell que, ao observar como as crianças se comportavam, idealizou um trabalho específico para o público jovem. “[Foi] feito para uma faixa etária, que depois evoluiu para todas”, pontuou

No Brasil, Bacelar ressaltou que a introdução do movimento escoteiro se deu por iniciativa de oficiais da Marinha. “Quando os escoteiros aqui trouxeram para o Brasil, em 1910, foi uma expedição que os oficiais da Marinha foram buscar um navio na Inglaterra. Lá eles observaram esse movimento e trouxeram para cá, trouxeram alguns modelos de uniforme, as literaturas e assim alguns oficiais e suboficiais da Marinha fundaram o primeiro grupo de escoteiros daqui do Brasil”, revelou.

De acordo com ele, fazer parte do movimento é uma experiência transformadora, tanto para os jovens quanto para seus responsáveis. Bacelar também destacou se tratar de um momento que os jovens “se estimulam à aventura, ao desafio dentro de um ambiente controlado”.

“Para o responsável, para os pais dos jovens, é um local, um momento de alegria, de confraternização e de aprendizado, dentro de um limite controlado, cheio de segurança, com adultos preparados para poder fazer esse estímulo, desenvolver essas atividades que vão proporcionar nos futuros homens que queremos para a nossa sociedade”.

Como participar do movimento escoteiro?

Conforme o diretor de métodos educativos da União dos Escoteiros do Brasil – Região Bahia, o ingresso no escotismo ocorre de forma voluntária, tanto para jovens quanto para adultos interessados em auxiliar as atividades realizadas nas unidades espalhadas pela cidade.

“Ele é dividido em unidades escoteiras locais, os chamados grupos de escoteiros. Hoje em Salvador existe 12 unidades onde o pessoal pode levar os jovens, os adultos também podem participar como voluntários, e além disso, nós fazemos algumas atividades de divulgação, onde as pessoas também podem fazer seu ingresso”, explicou Luciano.

As informações sobre os grupos estão disponíveis nas redes sociais e no site oficial da organização.

“A gente pode indicar os locais mais próximos. Nós temos sites, temos rede social onde tem esses endereços. Então, é feito assim, voluntariamente”.

Programação diversificada

A programação teve início nesta quarta-feira (23), com uma solenidade especial no Centro de Cultura da Câmara Municipal de Salvador (CMS), às 18h. Na quinta-feira (24), a Biblioteca Juracy Magalhães Júnior, no Rio Vermelho, receberá uma imersão no universo escoteiro, com sessões de contação de histórias e exibição de filmes.

No sábado (26) ocorre o Encontrão dos Escoteiros no campus da UFBA, em Ondina, das 7h30 às 12h40. As atividades se encerram no domingo (27), com uma missa no Santuário de Irmã Dulce, a partir das 8h30.