Alerta na educação: Brasil lidera ranking de desigualdade em leitura entre ricos e pobres
Análise internacional revela que apenas 26% das crianças de famílias de baixa renda atingem nível adequado no 4º ano do ensino fundamental

A desigualdade socioeconômica no Brasil não se limita à renda: ela também se reflete de forma alarmante dentro da sala de aula. Dados do Estudo Internacional de Progresso em Leitura (PIRLS), analisados pelo Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional (Iede), revelam que estudantes com menor nível socioeconômico (NSE) apresentam desempenho muito inferior em leitura. Apenas 26,1% dos alunos mais pobres do 4º ano do ensino fundamental atingem o nível considerado adequado, enquanto entre os mais ricos esse percentual salta para 83,9%.
A diferença de 58 pontos percentuais entre os dois grupos é a maior entre todos os países e regiões com dados disponíveis na avaliação, incluindo os Emirados Árabes Unidos (52 p.p.) e a Hungria (51 p.p.). As informações são da Agência Brasil.
Brasil lidera ranking da desigualdade em leitura
O PIRLS é uma avaliação aplicada a cada cinco anos pela Associação Internacional para Avaliação do Desempenho Educacional (IEA). O Brasil participou pela primeira vez em 2021, com resultados divulgados em 2023. Foram avaliados 4.900 alunos do 4º ano do ensino fundamental em 187 escolas públicas e privadas, espalhadas por todas as regiões do país.
A análise dos microdados, agora publicada pelo Iede, mostra que a desigualdade no desempenho em leitura é especialmente crítica. “Não é que não exista um cenário de boa aprendizagem no Brasil, existe, só que é para poucos. Isso tem que incomodar muito a gente”, afirmou Ernesto Martins Faria, diretor-fundador do Iede. “Por que tem um grupo pequeno que consegue chegar a um nível de aprendizagem competitivo em nível internacional, e por que, quando a gente olha para os [estudantes] de baixa renda, a situação de aprendizagem é tão complicada, inclusive com muitos alunos não chegando ao nível básico da avaliação?”
Condição socioeconômica determina desempenho escolar
Segundo o levantamento, 64% dos alunos brasileiros têm NSE baixo, ou seja, pertencem a famílias com renda inferior a R$ 4 mil por mês. Apenas 5% estão na faixa de NSE alto, com renda igual ou superior a R$ 15 mil. O restante (31%) se enquadra no nível médio. Entre os mais pobres, quase metade (49%) dos estudantes apresenta aprendizado abaixo do nível básico, enquanto entre os de NSE médio e alto esse índice é de apenas 16%.
Para o Iede, o nível de aprendizado considerado “adequado” corresponde, no mínimo, ao nível intermediário. A partir desse patamar, os alunos têm maior probabilidade de desenvolver outras habilidades escolares e sociais.
Leitura antes da escola e envolvimento dos pais fazem diferença
Outro fator de grande influência é o contato precoce com a leitura. Entre os alunos que tiveram contato frequente com livros antes do ensino fundamental, 49,7% atingiram o nível adequado. Já entre aqueles cujo contato era eventual, o percentual cai para 36%.
O hábito de leitura dos pais também impacta diretamente no desempenho das crianças. Nos lares onde os pais dizem “não gostar de ler”, apenas 32,6% dos filhos alcançam desempenho satisfatório. Por outro lado, entre os que afirmam “gostar muito de ler”, esse número sobe para 47,6%.
Meninas leem melhor que meninos
A análise também revelou diferenças de desempenho por gênero. O percentual de alunos do sexo masculino com aprendizado abaixo do básico é de 44,1%, contra 33,3% entre as meninas. A vantagem feminina se mantém mesmo nos níveis mais altos: 12,7% das alunas alcançam desempenho elevado, contra 9,7% dos meninos.
Políticas públicas voltadas à equidade são urgentes
Ernesto Faria defende que os dados revelam a urgência de políticas públicas que busquem a equidade educacional. “O Brasil tem que dar cada vez mais intencionalidade para políticas que olham para a equidade”, afirma. “Não só recursos, mas como a gente consegue que bons professores vão para áreas socioeconômicas mais vulneráveis e como garantir melhor infraestrutura em escolas que atendem alunos de baixo nível socioeconômico? [Precisamos] ter políticas educacionais que direcionem recursos visando a equidade”.
A análise reforça que enfrentar a desigualdade educacional requer mais do que investimentos: exige planejamento estratégico para garantir que o acesso à educação de qualidade não seja privilégio de poucos, mas um direito de todos.
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