Quando a velocidade rouba a vida

O ato de acordar pela manhã, para mim, é um convite à gratidão. Por isso, como de costume, reservo os meus primeiros minutos para agradecer pelo dom da vida, orar, meditar e me conectar com a minha fé, pedir direção e aí, sim, dar início às atividades que me esperam. Seguir esse ritmo, ao meu ver, é como uma garantia de que terei o combustível necessário para realizar tudo o que preciso de forma eficaz e ordeira.

Confesso que manter essa prioridade é um tanto desafiador, tendo em vista que vivemos em um mundo que impõe um ritmo de vida tão acelerado quanto à tecnologia, o que nos dá a sensação que já acordamos “atrasados” a respeito de algum assunto ou inovação, fato que tem levado muita gente a acelerar o ritmo do pensamento, das ações e, infelizmente, da velocidade no trânsito, como se fosse possível viver no estilo de velocidade 2x dos áudios de whatsapp.

Imputar essa aceleração a tudo na vida tem trazido consequências negativas e o reflexo disso tem chegado ao trânsito brasileiro, onde toda atenção, paciência e bom senso são indispensáveis para um deslocamento seguro.

O Maio Amarelo, que ressalta a importância da preservação da vida no trânsito, é uma excelente oportunidade de reavaliarmos esse comportamento, pois traz, inclusive, este ano, o tema ‘Desacelere: o seu bem maior é a vida’.

Segundo dados do DataSUS 2023, do Ministério de Saúde, a cada 15 minutos uma pessoa morre em decorrência de acidentes de trânsito no Brasil, o que levou, no mesmo período, a 34.881 óbitos. Entre as principais causas, ainda segundo a pesquisa, estão excesso de velocidade, distrações ao volante e o desrespeito às leis.

Acredito que a escolha desse tema não foi algo aleatório, pois se observarmos a rotina nas vias brasileiras, não fica difícil de comprovarmos o quanto o comportamento acelerado no cotidiano tem levado também a comportamentos menos empáticos e perigosos no trânsito. De certo modo, o uso do celular por exemplo, tem cooperado para essa problemática, pois muitas pessoas não conseguem desacelerar nem mesmo ao volante, quando toda atenção e prudência são necessárias para preservação de suas vidas e das do próximo.

Atentos a essa questão nas Casas Legislativas, nós republicanos, não nos furtamos em debater o assunto e cooperar para que medidas eficazes sejam estabelecidas, de modo que tenhamos um trânsito mais seguro.

Na Câmara dos Deputados, eu sou o autor do Projeto de Lei 1887/21, que altera normas de circulação de veículos terrestres para estabelecer que bicicletas tenham preferência sobre veículos automotores e a presunção de culpa em casos de acidentes.

Aqui na Bahia, a Lei 14.125/2019, que estabeleceu a Semana Estadual de Prevenção aos Acidentes de Moto, é de autoria do deputado estadual José de Arimateia (Republicanos/BA), e tem como objetivo alertar sobre os altos índices de acidentes envolvendo motociclistas e salvar vidas.

Já no âmbito municipal, o nosso vereador Kel Torres (Republicanos/BA) apresentou o projeto de indicação para que a prefeitura realizasse um estudo de viabilidade para implantação de um via exclusiva para motocicletas na Avenida Paralela.

A união de todos é extremamente importante para tratarmos o problema, mesmo que para isso precisemos reavaliar prioridades, desacelerar ritmos e entendermos que o mais importante mesmo é a vida, e essa precisa seguir um ritmo natural e exequível para que seja preservada.

*Márcio Marinho é deputado federal e presidente do Republicanos Bahia