Como lidar com pessoas difíceis sem se anular?
Você aguenta mesmo conviver com gente que te faz mal? Quem é difícil: o outro ou você que aceita tudo?

Você já se pegou saindo de uma conversa com alguém se sentindo menor, drenado ou até confuso? Isso não é acaso, e pode ser efeito de conviver com uma pessoa difícil. E não, não estou falando apenas de gente que discorda de você, mas de pessoas que ferem, mesmo sem perceber. Ou pior: que ferem e sabem disso.
Conviver é desafiador. Conviver com pessoas difíceis, então, é quase uma arte, mas não é impossível. O assunto é muito vasto e não pretendo esgotá-lo aqui, mas vamos praticar essa arte sem perder a sua saúde mental.
Empatia tem limite — e esse limite é você
Aprendemos a ser empáticos, a ouvir, a compreender, mas ninguém nos ensina a hora de dizer “chega”. Carl Rogers, um dos grandes nomes da psicologia humanista, defendia a empatia como um dos pilares das relações humanas, mas ele sabia, que empatia sem autoconhecimento vira submissão. Sentir pelo outro não pode custar a sua paz. E tem mais: empatia não é um contrato de sofrimento mútuo. Você não precisa afundar com alguém só porque entende o porquê do buraco em que a pessoa está.
Exemplo prático: sabe aquela pessoa que sempre tem um drama novo, mas nunca te ouve? Pois é. Ela quer plateia, não parceria. E você não é obrigado a ser o palco do sofrimento alheio.
Existem perfis e você precisa reconhecê-los logo
Tem gente que domina, gente que finge ceder, gente que manipula chorando. Alguns dos tipos mais comuns são:
• Controlador: precisa ter razão sempre, e vai querer “ganhar” a conversa, mesmo que perca o vínculo.
• Passivo-agressivo: finge ser calmo na sua frente, mas sabota por baixo dos panos. Nunca é direto.
• Vitimista crônico: se vitimiza, porque é mais fácil do que assumir responsabilidades. Nunca é culpado de nada, logo a culpa é sempre do(s) outro(s).
• Crítico contumaz: adora “ajudar”, mas só aponta defeitos: é uma forma disfarçada de se sentir superior, porque não suporta olhar para as próprias inseguranças.
Você identifica esses perfis pelo efeito que te causam. Se toda vez que essa pessoa chega, você sente medo, desconforto, e sua autoestima vai embora… preste atenção: o corpo avisa antes da mente entender.
Nem todo incômodo vem do outro. Às vezes é seu mesmo
Carl Gustav Jung dizia: “Tudo o que nos irrita nos outros pode nos levar a um entendimento de nós mesmos.” Essa frase é tapa e cura ao mesmo tempo. Às vezes, o que irrita no outro acende algo, que a gente ainda não curou em si.
Aquela pessoa que fala demais pode lembrar o quanto você foi silenciado ao longo da vida. A que impõe opiniões e ações pode ativar memórias de quando você foi submisso por medo. O manipulador te desorganiza, porque toca num ponto cego: a sua culpa.
Claro que há pessoas objetivamente tóxicas, mas, às vezes, o veneno que dói é o que encontra ferida aberta. Por isso, antes de rotular alguém, pergunte-se: “O que exatamente me afeta tanto nessa pessoa ou nessa situação?”. Essa pergunta também vale para desconstruir preconceitos: “Por que uma cor de pele incomoda tanto?”; “Por que a orientação sexual das pessoas incomoda tanto?” “O que tem em mim, que ainda não está resolvido?” Fuja das respostas rápidas do tipo “é porque está certo/errado” ou “eu sou assim”.
Dá pra conviver sem se machucar? Dá, mas não é intimidade, é estratégia
Manter uma convivência básica com alguém tóxico pode ser necessário em família, no trabalho, em alguns círculos sociais, mas isso não quer dizer que você tenha que se entregar emocionalmente. Portanto, não se iluda: isso não é relação, é gestão de danos. A dica aqui é bem prática:
• Não se explique demais: fale o necessário, pois quanto mais você tenta justificar, mais munição entrega.
• Não espere gratidão: gente difícil confunde empatia com obrigação, então, faça porque quer e gosta, e ponto final.
• Não reaja de imediato: silêncio também é resposta; aprenda a segurar as palavras por alguns segundos (conte até 5 antes de falar) ou, então, responda no dia seguinte quando for possível).
• Não tente mudar a pessoa: isso é arrogância disfarçada de boa intenção. Além disso, você não vai conseguir, e nem pense em manipulação.
Exemplo? Sabe aquele(a) colega que vive te alfinetando? Responda com silêncio e firmeza no olhar. Olhe profundamente nos olhos dele(a), e fique em silêncio por 5 segundos. Depois responda, ou vá embora sem falar nada. Não alimente o jogo: só entra no jogo quem acha que ainda precisa vencer alguma coisa. Só quem joga com você é você mesmo.
O melhor gesto de amor-próprio pode ser o afastamento
Tem gente que só entende o seu valor quando perde o acesso à sua presença, e, às vezes, nem assim entende. E tudo bem. O outro não precisa validar sua decisão para que ela seja válida.
Se você tentou dialogar, se colocou, deu chances… e nada mudou, vá embora. O afastamento não é vingança. É autocuidado. É integridade. É você dizendo: “aqui, não mais”. E não precisa fazer escândalo. Você pode se afastar com elegância. Pode dizer “não” com um sorriso. Pode sair sem bater a porta, mas sem deixar janelas abertas também.
Quando procurar ajuda profissional?
Se a convivência com uma pessoa difícil está te adoecendo, se você sente exaustão constante, ansiedade para tudo, queda de autoestima, ou sintomas físicos como insônia e dores persistentes, então é hora de buscar ajuda profissional.
A exposição contínua a relações abusivas pode desencadear transtornos sérios como síndrome de “burnout”, depressão, transtornos de ansiedade, e até transtorno de estresse pós-traumático. Você não precisa dar conta de tudo sozinho. Terapia não é fraqueza, mas é cuidado, é reconstrução, e pode ser a única forma de sair inteiro de situações, que machucam por dentro sem deixar hematomas visíveis.
Pessoas difíceis sempre vão existir. Mas você não precisa se tornar uma delas para se proteger. É possível ser firme sem ser grosso. Ser claro sem ser cruel. Ser humano sem se machucar tanto.
E você? Está pronto(a) para escolher quem realmente merece permanecer no seu campo emocional?
*Sérgio Manzione é psicólogo clínico, administrador, podcaster, colunista sobre comportamento humano e psicologia no Portal Muita Informação!, e escreveu o livro “Viva Sem Ansiedade – oito caminhos para uma vida feliz”. @psicomanzione
Sérgio Manzione
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