Eleição em SP: debate na Band é marcado por abraço inusitado e jogo de empurra sobre apagão

Postulantes a prefeito de São Paulo usam blackout para tentar convencer eleitor indeciso


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Matheus Pastori 15/10/2024 07:30 Eleições 2024
Eleição em SP: debate na Band é marcado por abraço inusitado e jogo de empurra sobre apagão - Reprodução/YouTube

Os candidatos à Prefeitura de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (PSOL), voltaram a se encontrar durante a noite desta terça-feira (14) e início madrugada de quarta (15), em debate promovido pela TV Bandeirantes no bairro do Morumbi, na Zona Sul da capital paulista.

O apagão que deixou 1,3 milhão de cidadãos sem luz desde a última sexta-feira (11) foi o tema que prevaleceu durante boa parte do programa. Uma tempestade com ventos de cerca de 120km/h derrubou árvores e, de acordo com a Enel – concessionária responsável pelo abastecimento de São Paulo e região -, destruiu linhas inteiras de fiação elétrica. Passados três dias, cerca de 320 mil comércios e domicílios permanecem sem energia.

Atual prefeito, Ricardo Nunes vem se esforçando nas redes sociais para mostrar serviço e reverter uma imagem que invariavelmente é suscitada na memória do eleitor. Há um ano, quando mais de três milhões de paulistanos passaram uma semana inteira às escuras, o candidato do MDB foi duramente criticado por ter adotado uma posição tímida diante da gravidade do problema. Em meio ao caos, Nunes chegou a marcar presença no camarote de um evento da Fórmula 1, causando revolta.

Quanto ao novo imbróglio, a estratégia tanto de Boulos quanto de Nunes é tão conhecida que tem até nome: jogo de empurra. O deputado federal acusa o prefeito de incompetência das equipes de poda e remoção de árvores, enquanto Ricardo Nunes joga a responsabilidade no colo do governo federal, de quem é a responsabilidade de sustar a concessão da Enel – empresa que Nunes já taxou como “inimiga do povo de São Paulo”.

De repente, um abraço

Entre uma resposta e outra, as regras do debate permitiam que os candidatos se movimentassem no palco, desde que não fizessem “movimentos bruscos”. Esta liberalidade resultou numa cena inusitada. Ao ser questionado se abriria mão de seu sigilo bancário, Nunes percebeu que seu adversário se aproximava de mãos para trás, em atitude que mesclava deboche com intimidação.

E de repente, não mais que de repente, daí surgiu mais uma pérola para uma eleição já cheia de surpresas.

Nunes interrompeu o que falava, pôs a mão no ombro de Boulos e perguntou: “você tá bem?”. Ao que Boulos replicou: “eu tô bem, e você?”. Ambos não conseguiram segurar a risada e protagonizaram um abraço descontraído em meio à intensa troca de farpas. “Você não vai me intimidar, sabe por que? Eu vim da periferia. Eu não tenho medo de nada”, se gabou o prefeito.

Mas em algo os dois rivais concordam: são a favor de que a Enel seja punida com a perda da concessão de operação na maior cidade do país. Esta deliberação, contudo, cabe à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que investiga eventual omissão da campainha na reação aos efeitos dos eventos climáticos.

Mais do mesmo

Além do apagão, os candidatos levantaram outros temas que se tornaram conhecidas cartas na manga durante toda a campanha até aqui. Nunes, por exemplo, mencionou o esquema de “rachadinha” entre assessores de André Janones (Avante), absolvido no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados após parecer favorável de Boulos, então relator do caso.

Já o deputado do PSOL falou sobre a investigação da chamada “máfia das creches”, que apura supostos pagamentos a Nunes e familiares em um esquema de lavagem de dinheiro e desvio de verbas. O prefeito se defendeu dizendo ter “uma vida limpa”, além de lembrar que não foi indiciado na investigação da Polícia Federal sobre o episódio.

Em resumo

Apesar de ainda se manter a narrativa do “nós contra eles”, o primeiro debate televiso do segundo turno trouxe uma cristalina arrefecida do tom bélico e até mesmo violento que se viu até a proclamação do resultado das urnas, no último dia 6.

Especialmente com a figura de Pablo Marçal (PRTB) fora do jogo, as acusações, críticas e provocações se mantiveram dentro de parâmetros civilizados. Limites morais foram observados e não houve ataques flagrantes à honra dos candidatos. Vale lembrar que ambos, Nunes e Boulos, estiveram na mira impiedosa do candidato do PRTB, que se viu derrotado ao amargar o terceiro lugar.

Prova disso é a cena derradeira do encontro promovido pela Band: um simples e igualmente simbólico aperto de mãos.

*Matheus Pastori, colaboração de São Paulo para o Portal M!

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