Maternidade baiana é pioneira no Brasil em oferecer caderneta de pré-natal a pessoa trans pelo SUS

Ação de inclusão e atendimento especializado respeita a identidade de gênero e as peculiaridades de corpos transexuais

Por Redação
03/05/2024 às 21h00
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Foto: Divulgação/Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares
Foto: Divulgação/Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares

O paciente Bernardo Costa Silva, de 24 anos, está no sétimo mês da gestação e foi o primeiro a receber a nova caderneta de acompanhamento gestacional, um marco na história do pré-natal das pessoas trans no Brasil. O documento é uma versão adaptada da utilizada em mulheres cisgênero, que atenderá critérios específicos de homens transexuais. A iniciativa inédita em todo o País é conduzida pela Maternidade Climério de Oliveira (MCO-UFBA), da Universidade Federal da Bahia, vinculada à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh). A instituição idealizou, produziu e colocará em uso com seus pacientes, pela primeira vez, a nova caderneta.

Instrumento de acompanhamento de gestação, a caderneta é item obrigatório ao longo da gravidez, porém, o documento atualmente utilizado pela rede hospitalar nacional é voltado exclusivamente para mulheres cisgênero. Para preencher essa lacuna, a MCO-UFBA, que é a unidade hospitalar que mais atende gestantes transexuais em todo o Brasil, passará a utilizar a caderneta como forma de inclusão e para atender demandas específicas para o período gestacional dos homens transexuais. A maternidade é referência estadual em acompanhamento gestacional de homens trans e, desde 2021, realiza esse tipo de acompanhamento por meio do programa "Transgesta".

Nesta caderneta de pré-natal, serão registradas as principais informações a respeito da gestação do paciente trans e de sua parceira, além de facilitar o atendimento em caso de alguma intercorrência. "É importante e significativo o lançamento da cartilha Transgesta. É um instrumento que consegue atender, humanizar, acolher e entender as diversidades dos corpos. E, acima de tudo, como centro de referência na assistência a pessoas trans, a caderneta faz com que elas se sintam inseridas em uma assistência construída para atender as suas especificidades", disse Sinaide Coelho, superintendente da MCO-UFBA/Ebserh.

Para a diretora de Atenção à Saúde da Ebserh, Lumena Castro, a entrega dessa caderneta é importante para a maternidade, para a Rede Ebserh, mas também para o Sistema Único de Saúde.

Maternidade é pioneira no acompanhamento de pessoas transexuais

Com o propósito de aprimorar sua capacidade assistencial na área de atenção à saúde durante e pós gestação, a MCO-UFBA/Ebserh desenvolveu o programa "Transgesta". Trata-se de um programa voltado às pessoas que se reconheçam e se declaram transexuais, travestis, transgêneras, intersexo e outras denominações que representam formas diversas de vivência e de expressão de identidade de gênero, tornando-se referência em atendimento à população trans na Bahia em 2021. O programa, desde o início, já realizou o acompanhamento de sete homens trans gestantes, que resultou no nascimento de nove bebês na MCO-UFBA/Ebserh.

A Ebserh

A Maternidade Climério de Oliveira faz parte da Rede Ebserh desde 2013. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 41 hospitais universitários federais.?

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