CRMV-BA defende regulamentação para transporte de animais e pede que veterinários estejam disponíveis para constatar segurança

De acordo com a médica veterinária Lívia Peralva, regulamentação é necessária para garantir o bem-estar e a segurança dos animais

Por Bruno Brito
02/05/2024 às 17h06
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Foto: Reprodução/Eurodicas
Foto: Reprodução/Eurodicas

Após o caso do cachorro Joca, que morreu após ser transportado para o aeroporto errado pela Gollog, o Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado da Bahia (CRMV/BA) defendeu a necessidade de regulamentação do transporte aéreo e rodoviário de animais no país. O posicionamento do órgão ocorre em conformidade ao Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), que também defendeu os ajustes.

De acordo com a médica veterinária e presidente da Comissão Estadual de Medicina Veterinária Legal do CRMV/BA, Lívia Peralva, a regulamentação é necessária para garantir o bem-estar e a segurança dos animais. Ela também defendeu a importância da presença de um médico veterinário em estações rodoviárias e terminais de embarque e desembarque, como forma de assegurar um suporte quase imediato aos animais.

"O Conselho Regional de Medicina Veterinária da Bahia se alinha com o Conselho Federal. Defendemos a regulamentação do transporte aéreo e rodoviário de animais domésticos ou selvagens, na tentativa de assegurar o bem-estar e a segurança desses animais. Ressaltamos que a presença do médico veterinário é importante, porque ele vai ajudar na identificação de riscos e em medidas preventivas para assegurar o bem-estar desses animais, já que cada espécie, cada raça tem uma particularidade que deve ser atendida, e deve ser atentada no momento do transporte", apontou ao Portal M!.

Diversos tutores defendem que os pets viagem na cabine do avião, para que haja garantia de melhores condições aos animais. Lívia, que também é secretária geral da Associação Brasileira de Medicina Veterinária Legal (ABMVL), explicou que esse tema deve ser discutido com outras instituições, a exemplo da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), pois é um assunto que envolve segurança aviária. 

"Envolve capacidade técnica de uma aeronave, cada modelo, envolve outras situações, como por exemplo, a questão do bem-estar dos passageiros que irão compartilhar aquela viagem. Então, não cabe só ao Conselho Regional da Bahia definir sobre essa matéria. Isso é uma coisa que deve ser discutida, e amplamente discutida, para se chegar a um entendimento", defendeu. 

Perguntada sobre eventuais medidas que poderiam ser adotadas para atender melhor os animais, a médica veterinária lembrou que se trata de uma "logística complexa", sobretudo porque existem diversas raças e necessidades.

"É uma logística muito complexa o manejo desses animais, porque a gente não está falando só de uma raça, não está falando só de uma espécie. Cada animal tem particularidades, às vezes tem doenças pré-existentes. A gente também tem que levar em consideração a temperatura, se ele vai sair de um local que a temperatura é mais quente ou mais amena. E a distância, o tempo de voo, a altitude dessa cidade. Então, tem várias questões que devem ser levadas em consideração", pontuou. 

"Só em cães, nós temos um leque de raças, cada raça tem uma necessidade, tem uma particularidade. Se a gente for falar de gatos também, e se a gente for abranger animais selvagens aí a coisa fica muito maior", complementou. 

Morte de Joca

Joca morreu na última segunda-feira (22). Na ocasião, o pet deveria ter sido levado do Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo, para Sinop (MT), mas foi colocado num avião que embarcou para Fortaleza (CE). O animal acabou sendo mandado de volta para Guarulhos e, quando o tutor chegou para encontrá-lo, o cão estava morto.

Sobre eventuais condições que podem ter colaborado para a morte do cão, Lívia afirmou ser necessário aguardar as investigações e o resultado da necrópsia. "Aí entra uma especialidade muito importante da medicina veterinária, a parte de perícia. Com certeza, serão convocados médicos-veterinários peritos para avaliar as circunstâncias, as evidências, os indícios. Tem várias questões que precisam ser esclarecidas. E só a partir daí a gente ter uma real ideia do que pode ter colaborado com o evento, com a situação que envolveu Joca", observou. 

Ela também afirmou ser "prematuro" e "precipitado" apontar possíveis motivos. "Seria muito prematuro, muito precipitado da nossa parte, se a gente quisesse, de alguma forma, tentar elencar o que colaborou para o acontecimento. Então vamos aguardar as investigações, elas estão sendo realizadas. Em breve deve sair o laudo". 

Conforme a médica veterinária, em média, um cão da raça Golden Retriever vive entre 10 e 12 anos. Joca morreu com cinco anos. "Alguns cães podem até passar essa expectativa de vida. É uma expectativa, não é nada engessado, alguns cães podem atingir mais do que 12 anos", explicou.

 

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