Prefeito volta a chamar de "irresponsabilidade" nova paralisação de rodoviários

Bruno Reis cobra de líderes sindicais compromisso com cidade e população

Por Raiane Veríssimo e Vivaldo Marques
29/04/2024 às 17h22
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Foto: Jeferson Peixotto/Secom PMS
Foto: Jeferson Peixotto/Secom PMS

O prefeito Bruno Reis (União Brasil) voltou a chamar de "irresponsabilidade" a nova paralisação de rodoviários na estação da Lapa, que acontece desde às 11 horas desta segunda-feira (29). Os passageiros estão sendo obrigados a descerem dos ônibus que foram parados pelo Sindicato de Rodoviários e formam uma fila gigantesca na região do Dique do Tororó.

É o segundo protesto que acontece em menos de uma semana. Na última quinta-feira (25), o sindicato atrasou em 4 horas a saída dos ônibus da garagem em Campinas de Pirajá, que começaram a voltar a circular por volta das 7h45. Assim como nesta segunda, a paralisação parcial aconteceu para realização de uma assembleia dos rodoviários da concessionária Ótima Transporte (OT Trans) que votaram pela aprovação para que o Sindicato dos Rodoviários da Bahia entre com uma ação na Justiça contra casos de assédio moral.

"Não pode ser um problema localizado de possível assédio moral ou exigência do sindicato, demissão desse ou daquele funcionário que venha penalizar as pessoas, penalizar a cidade. O lugar de resolver isso é dentro da relação de empregado e empregador, então dentro da relação trabalhista ou na Justiça. Não pode ser parando garagem ou fazendo assembleia, mesmo que seja 11 horas da manhã, horário que não tem tanta demanda pelo transporte porque as pessoas estão trabalhando, mas isso acaba penalizando as pessoas, penalizam as empresas", bradou o prefeito em entrevista ao Portal M!.

Segundo o prefeito, as paralisações acabam prejudicando também os próprios rodoviários que vão iniciar a negociação de aumento salarial.

"Porque hoje, vocês sabem, quando chega o final do mês o que a empresa arrecada da passagem é insuficiente para pagar o custo do sistema. A prefeitura vem assumindo essa conta e eu não tenho condição de botar mais nenhum real. Quando fecha a garagem quando impede ônibus de sair diminui o faturamento da empresa e, no final do mês, eles querem receber o salário, a quinzena, querem receber todos benefícios e vantagens. Vão começar agora a discussão em relação do reajuste dos trabalhadores rodoviários e ficam adotando esses tipos de medidas? Têm outros caminhos que não a paralisação. Então, eu acho isso uma irresponsabilidade. Espero que vocês da imprensa também denunciem isso, cobrem o compromisso desses líderes sindicais com a cidade e com as pessoas", ponderou o prefeito durante entrega de contenção de encosta no bairro da Caixa D'Água.

Reivindicações

Segundo o Sindicato, dos 5 mil funcionários das quatro garagens da empresa Integra, mais de 3 mil já foram vítimas de assédio moral. Além disso, outro motivo das paralisações foi o descumprimento de pontos do acordo coletivo de trabalho, como o não pagamento do prêmio de assiduidade, que é quando o trabalhador não tem nenhuma falta no período de um ano tem o direito a receber três diárias no retorno das férias e, segundo o Sindicato, isso não está acontecendo.

Outro item é a escala que deve ser divulgada com oito dias de antecedência, mas o trabalhador está tendo o conhecimento apenas na véspera do trabalho. Também reclamam da redução dos veículos que fazem a "panha", tanto para pegar o trabalhador em casa e trazer pra garagem, quanto aquele que larga tarde da noite, por volta das 22 horas, por exemplo, mas o Sindicato diz que só está conseguindo se deslocar para casa após 2h ou 3 horas de largar o serviço.

Ainda na última quinta-feira, o Sindicato realizou a sexta rodada de negociação com os empresários como parte da campanha salarial da categoria, que prevê 44 itens na pauta. Entre eles, está o pedido de reajuste salarial de 4% de ganho real e 10% de reajuste no ticket de alimentação. Outra demanda dos rodoviários é que eles passem a ter gratuidade na integração com o metrô. Hoje, eles precisam pagar para entrar no metrô.

Semob

Em nota encaminhada à imprensa, a Secretaria Municipal de Mobilidade (Semob) informou que, diante do bloqueio na entrada da Estação da Lapa provocado pela assembleia dos rodoviários, "os ônibus que atendem ao terminal seguem até a entrada da Avenida Vale do Tororó na Praça João Mangabeira" e "deste ponto seguem seus itinerários de origem".

Segundo a Semob, agentes do setor de fiscalização atuam para garantir a circulação dos coletivos na região. Já a linha B4, do BRT Salvador, teve a operação interrompida por conta de bloqueios realizados pelo sindicato dos rodoviários na região do Vale dos Barris e na entrada da Estação da Lapa. O serviço que opera das 9h às 15h, de forma assistida, será retomado após a liberação das vias interditadas.

"A pasta repudia a atitude do sindicato dos rodoviários, que impede a população de utilizar modais de transporte tão importantes para a cidade e espera que haja um entendimento entre a categoria e as empresas sem mais prejuízos aos usuários", diz a nota.

Confira entrevista:

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