Embaixada demite brasileiros após vídeo de Bolsonaro

Ex-presidente se hospedou na embaixada húngara entre 12 e 14 de fevereiro - dias após ser alvo da Operação Tempus Veritatis

Por Estadão Conteúdo
04/04/2024 às 23h20
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Foto: Reprodução/The New York Times
Foto: Reprodução/The New York Times

A Embaixada da Hungria no Brasil demitiu nesta semana dois funcionários brasileiros. Os desligamentos ocorrem após a divulgação de imagens do circuito interno da sede de representação diplomática, em Brasília, em que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) aparece no local, em fevereiro

As demissões foram reveladas pela CNN Brasil e confirmadas pelo Estadão, ontem (3). Procurada pela reportagem, a embaixada húngara no Brasil não se manifestou.

Imagens divulgadas pelo jornal americano The New York Times, em 25 de março, mostram que Bolsonaro se hospedou na embaixada húngara entre 12 e 14 de fevereiro - dias após o ex-presidente e aliados dele terem sido alvo da Operação Tempus Veritatis, deflagrada pela Polícia Federal no dia 8 daquele mês. Quatro dias antes, ele havia entregado o passaporte à Justiça.

O espaço físico de uma embaixada é considerado território inviolável do país de origem. Ou seja, se a Justiça expedisse um mandado de prisão preventiva contra o ex-presidente, a decisão não poderia ser cumprida por ele estar em embaixada internacional. A permanência de Bolsonaro na embaixada virou alvo da PF. A Hungria é comandada pelo premiê Viktor Orbán, um dos aliados da política externa da gestão do ex-presidente.

Bolsonaro chegou à Embaixada da Hungria, no dia 12, cerca de uma hora depois de postar um vídeo convocando para o ato na Avenida Paulista - o evento foi realizado em São Paulo no dia 25 de fevereiro e reuniu milhares de apoiadores do ex-presidente.

'Contatos'

Em nota, a defesa do ex-presidente confirmou que ele ficou hospedado na embaixada húngara, mas disse que a visita foi destinada a "manter contatos com autoridades do país". Bolsonaro foi convocado a prestar esclarecimentos sobre o caso ao Supremo Tribunal Federal (STF) e negou que a visita tenha sido uma forma de estar fora do alcance da Justiça nacional.

"Não há razões mínimas nem mesmo cenário jurídico a justificar que se suponha algum tipo de movimento voltado a obter asilo em uma embaixada estrangeira ou que indiquem intenção de evadir-se das autoridades legais ou obstruir, de qualquer forma, a aplicação da lei penal", disse a defesa de Bolsonaro ao Supremo

Após a divulgação das imagens pelo jornal americano, o ex-presidente declarou que frequenta sedes diplomáticas de outros países no Brasil. "Converso com embaixadores. Não tenho o passaporte, está detido. Muitas vezes esses chefes ligam para que eu possa prestar informações precisas sobre o que acontece no Brasil", declarou Bolsonaro.

 

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