Em delação, Cid confirmou que Bolsonaro mandou forjar vacinação da Covid

Cid informou que os certificados foram impressos no Alvorada, a residência oficial da Presidência da República, e entregues diretamente a Bolsonaro

Por Redação
19/03/2024 às 15h51
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Foto: Alan Santos/PR
Foto: Alan Santos/PR

O ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Tenente-Coronel Mauro Barbosa Cid, revelou em depoimento à Polícia Federal que emitiu certificados de vacinação falsos em nome de Bolsonaro e de sua filha de 12 anos em 2022. As informações são do G1.

Na segunda-feira (18), Bolsonaro, Mauro Cid e outras 15 pessoas foram indiciadas pela Polícia Federal por envolvimento em uma fraude relacionada a cartões de vacinação contra a Covid.

Segundo o depoimento, que faz parte de uma delação premiada de Mauro Cid, a ordem para a emissão dos documentos falsos partiu do próprio Bolsonaro.

Mauro Cid informou que os certificados foram impressos no Palácio da Alvorada, a residência oficial da Presidência da República, e entregues diretamente a Bolsonaro.

Embora a delação de Mauro Cid esteja sob sigilo, alguns trechos foram incluídos pela Polícia Federal em um relatório que fundamentou o indiciamento de Bolsonaro, Mauro Cid e outras 15 pessoas.

O Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, relator do inquérito das milícias digitais que aborda a fraude nas vacinas, decidiu retirar o sigilo desse relatório na terça-feira (19).

Confira o que dizem alguns trechos da delação de Cid:

"QUE o presidente [Bolsonaro], após saber que o COLABORADOR [Mauro Cid] possuía os cartões de vacina para si e sua família, solicitou que o COLABORADOR fizesse para ele também; QUE o ex-presidente deu a ordem para fazer os cartões dele e da sua filha [...]; QUE o COLABORADOR solicitou a AILTON [Barros] que fizesse os cartões; QUE o COLABORADOR confirma que pediu os cartões do ex-presidente e sua filha [...] sob determinação do ex-presidente JAIR BOLSONARO e que imprimiu os certificados; QUE solicitou a inserção de dados no sistema CONECTESUS de sua esposa, filhas, ex-presidente JAIR BOLSONARO e de sua filha", diz um trecho

"QUE confirma que recebeu a ordem do ex-Presidente da República, JAIR BOLSONARO, para fazer as inserções dos dados falsos no nome dele e da filha [...]; QUE esses certificados foram impressos e entregues em mãos ao presidente", informa outra parte do documento. 

Ainda segundo a PF, o esquema funcionava da seguinte forma:

- Mauro Barbosa Cid encaminhava o pedido de fraude ao ex-major do Exército Ailton Gonçalves Moraes Barros;
- Ailton enviava os dados ao secretário de Governo de Duque de Caxias (RJ), João Carlos de Sousa Brecha;
- João Carlos usava suas senhas para inserir os dados falsos no Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI), do Ministério da Saúde.

Neste caso, o grupo nem sequer precisava dos cartões físicos de vacinação.

Segundo a PF, os dados forjados eram inseridos diretamente no sistema do Ministério da Saúde - e, com isso, os suspeitos conseguiam imprimir certificados de vacinação pelo sistema oficial do ConecteSUS.

 

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