PODCAST: "Não é o momento de se falar em impeachment", diz Collor sobre Bolsonaro

O senador avalia que o momento atual da política está tenso e diz ter ficado assustado com as reações do presidente Bolsonaro e seus aliados diante das ações de combate às fake news

Por Jones Araújo e Osvaldo Lyra
01/06/2020 às 08h40
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Foto: Jefferson Rudy /Agência Senado
Foto: Jefferson Rudy /Agência Senado

Para o primeiro presidente da República eleito pelo voto popular, após o regime Militar no Brasil, hoje senador Fernando Collor de Mello, que também foi o primeiro presidente a sofrer um processo de impeachment, ainda não há espaço para se falar do impedimento do atual presidente, Jair Bolsonaro (sem patido). De acordo com ele, é necessário fortalecer o diálogo e a democracia no país, para evitar o surgimento de um governo autoritário, facista, que coloque em xeque a estabilidade institucional que marca a jovem democracia brasileira. Collor é a personalidade entrevistada no Podcast do Muita Informação.

Ao editor-chefe do M!, jornalista Osvaldo Lyra, o senador disse que o impeachment não é o caso de se falar neste momento de crise de pandemia. 

"Eu acho que ao Congresso Nacional cabe nesse momento um papel relevante, não somente com as conversas do presidente de uma casa ou de outra, indo ao encontro do presidente [Bolsonaro] e tentando amenizar. Não é assim que esse momento requer. Requer um posicionamento do Congresso Nacional, das lideranças do Congresso para que possa evitar que essa conflagração, já aí colocada entre o Poder Judiciário e o Poder Executivo, não leve a um desfecho de uma instabilidade institucional que gerará momentos imprevisíveis, mas nenhum deles positivos para o país", afirma.

Collor avalia que o momento atual da política está tenso e diz ter ficado assustado com as reações do presidente Bolsonaro e seus aliados, diante das ações de combate às fake news (notícias falsas).

"Eu fiquei assustado, porque vindo do chefe do Poder Executivo uma declaração tão contundente de que ordens emanadas do Supremo Tribunal Federal não devem ser cumpridas e, mais ainda, que decisões do STF não devem ser cumpridas se elas atingem o presidente da República e o seu entorno, isso é extremamente preocupante, porque uma das bases do Estado Democrático de Direito, além da coexistência pacífica e harmônica entre os três poderes, é o respeito às decisões emanadas do Judiciário. Decisão do Poder Judiciário não se discute, ela se cumpre. Você pode discutir sim pelos canais institucionais que nos são dados pela Constituição e que são por intermédio do próprio Judiciário. Há recursos para isso. Quando há uma insatisfação de uma parte que se vê prejudicada por uma determinada tomada de posição do Supremo ou de uma outra instância inferior", avaliou.

Escute a entrevista na íntegra abaixo: